segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Preto e Branco

"Tudo me impele a escolher o espaço em branco, que ainda pode ser preenchido, está no centro do quadro, possui duas saídas. Porém tem muitos limites, o percurso já está delineado, ligeiramente conspurcado, apresenta curvas que podem traduzir-se num embate muito forte e é escolhido por quase todos.
Contudo, os meus olhos não querem olhar para o centro, e brilham ao observar a parte negra deste quadro, a que não tem limites, em que posso traçar o meu próprio caminho sem que ele possa ser visto pelos outros, em que apenas algumas cores conseguirão deixar marcas, uma camada quase intransponível, mas na qual é possível caminhar indefinidamente e só ter a companhia de quem realmente interessa. Um mundo no qual poucos querem entrar, e ainda menos podem entrar.
Andamos a ser enganados com a perspectiva que o branco significa pureza e só os que escolhem viver na fracção branca conseguirão a imortalidade. Eu olho, e ao delimitar o branco só consigo ver a imagem da morte, pronta a atacar a qualquer momento.
A zona negra, por mais que a tente delimitar, não consigo. O que significa? Talvez seja infinita. E a imortalidade não é isto mesmo? O infinito!
Era muito fácil fazer como os outros, seguir o mesmo caminho, acreditar (ou fingir acreditar) nas mesmas coisas, mas era uma estupidez, porque sei que não é o caminho certo para os meus desejos. Por isso opto pelo mais difícil, o preto, em que é árduo caminhar, quase sempre sem companhia.
Sou diferente mas não sou o único. porém, se for, manterei a minha opção, e sempre na margem, que me permite manter o contacto visual com os habitantes desse mundo finito." (Iesu, Novembro 2009)

Sem comentários:

Enviar um comentário