quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Decisão

"Quero mas não posso
Posso mas não devo
Devo porque quero
Devo porque queremos
Queremos o que não é certo
O que não é certo é não lutar
Por aquilo que queremos
*
Não tens dúvidas?
Eu tenho!
Não te obrigo a escolher
E também não quero ser eu a ceder
*
Não faço
Arrependo-me de não fazer
Faço
E sei que alguém pode sofrer
Não faço
E fica uma dor que não passa
Faço
Vivo momentos de felicidade"
(Iesu, Agosto 2009)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Entraves

"As coisas não correram como esperava. De todos os cenários possíveis, este nunca passou pela minha cabeça, não sei se pela escassa informação que tinha a esse respeito ou pela fé de que o meu instinto natural me conduzisse pelo caminho certo.
Ao não deixar o meu instinto agir em conformidade, não escolhi caminho nenhum e mantive as portas do meu ser completamente fechadas. Queria que elas se abrissem, tentei e voltei a tentar e até pedi ajuda, mas todos os esforços foram em vão. Será preciso palavra-passe? Só se for iddo, porque a chave parecia-me ser a certa. Também não será má ideia olear um bocadinho a fechadura, porque a seco a fricção é muito maior e as dificuldades em decerrar, uma realidade, principalmente se as portas nunca foram ou já não são abertas há muito tempo.
Voltaremos a tentar? Sim, porque não desistimos à primeira dificuldade. e se voltar a acontecer? Provavelmente desisto para sempre ou procuro outra chave, que se adapte melhor a esta fechadura. E talvez o dono dessa chave possa usufruir na plenitude o espaço que está atrás destas porta. Por agora, quero voltar a tentar, já!" (Iesu, Novembro 2009)

Eternidade

"Ele está a olhar para mim, e parece um bocado mal-disposto. Será que fiz algo errado? Ou estarei a interpretar mal a sua expressão facial? Não sei, mas a verdade é que ambos permanecemos imóveis. Parece que temos medo da confrontação. Pelo menos eu tenho! Estes segundos parecem uma eternidade. agora percebo essas histórias de garantir a vida eterna. São estes pequenos (enormes!) momentos de estagnação a todos os níveis que nos dizem que é possível sentir a eternidade." (Iesu, Novembro 2009)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Hesitação

"Saio. Não sei para onde vou. Não sei para quem vou. Paro. As dúvidas permanecem e multiplicam-se. Avanço. Num impulso inesperado volto para trás. Entro. As paredes estão pintadas de preto. Não é difícil encontrar as marcas de sangue que estão presentes ao longo do corredor. Alcanço as escadas com alguma dificuldade. Não consigo subir. Espero. Uma nova tentativa. Consigo subir o primeiro degrau. Algo me impele a descer. Volto-me e desço. Olho para a porta. Desisto de viver." (Iesu, Outubro 2009)

Preto e Branco

"Tudo me impele a escolher o espaço em branco, que ainda pode ser preenchido, está no centro do quadro, possui duas saídas. Porém tem muitos limites, o percurso já está delineado, ligeiramente conspurcado, apresenta curvas que podem traduzir-se num embate muito forte e é escolhido por quase todos.
Contudo, os meus olhos não querem olhar para o centro, e brilham ao observar a parte negra deste quadro, a que não tem limites, em que posso traçar o meu próprio caminho sem que ele possa ser visto pelos outros, em que apenas algumas cores conseguirão deixar marcas, uma camada quase intransponível, mas na qual é possível caminhar indefinidamente e só ter a companhia de quem realmente interessa. Um mundo no qual poucos querem entrar, e ainda menos podem entrar.
Andamos a ser enganados com a perspectiva que o branco significa pureza e só os que escolhem viver na fracção branca conseguirão a imortalidade. Eu olho, e ao delimitar o branco só consigo ver a imagem da morte, pronta a atacar a qualquer momento.
A zona negra, por mais que a tente delimitar, não consigo. O que significa? Talvez seja infinita. E a imortalidade não é isto mesmo? O infinito!
Era muito fácil fazer como os outros, seguir o mesmo caminho, acreditar (ou fingir acreditar) nas mesmas coisas, mas era uma estupidez, porque sei que não é o caminho certo para os meus desejos. Por isso opto pelo mais difícil, o preto, em que é árduo caminhar, quase sempre sem companhia.
Sou diferente mas não sou o único. porém, se for, manterei a minha opção, e sempre na margem, que me permite manter o contacto visual com os habitantes desse mundo finito." (Iesu, Novembro 2009)